Sentir a música através da pele. Essa é a proposta do projeto SOM, que integra à programação do Assim Vivemos – Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência em sua segunda semana. A partir desta quarta-feira, 30, a instalação de videodança ocupa a sala 2 de cinema do Centro Cultural Banco do Brasil Rio, tornando-se mais uma opção para o público além dos 38 longas, médias e curtas-metragens de 20 países, dois debates (dias 31 e 1.11) e uma oficina de dança (2.11). A realização é do Centro Cultural do Banco do Brasil, patrocínio do Banco do Brasil através da lei de incentivo a cultura, com produção da Cinema Falado Produções.
“Ao perceber que os deficientes auditivos possuem um universo próprio, busquei trazer essa percepção para todos”, comenta Clara Kutner, idealizadora de SOM. Ela explica que a proposta é provocar uma alteração nos sentidos de surdos e ouvintes. Enquanto é exibido na tela um vídeo com dançarinos realizando uma coreografia baseada nos movimentos do flamenco, o espectador estará próximo a uma plataforma fixada ao chão e vestindo uma espécie de mochila que traz dispositivos colocados nas costas, mãos e pés. Durante cinco minutos, a vibração sentida a partir das imagens irá corresponder aos sons de instrumentos como alfaia, baixo, trombone e cajón. A coreografia é executada por Lucas Guilherme e Bruno Ramos, ambos com deficiência auditiva.
Para a curadora do festival, Graciella Pozzobon, a importância de convidar o projeto SOM para a programação do Assim Vivemos foi a de oferecer mais uma atividade inclusiva ao público. Outro momento interativo será a oficina “Sentidos”, no sábado, 2, às 16h, com o ator e dançarino cadeirante Matheus Trindade, portador de artrogripose múltipla congênita, uma síndrome rara que atinge um em cada 5000 nascimentos. Ao lado de Glória Lila e Amélia Goulart, ele apresenta a performance que quer desvendar os significados de ações e vivências cotidianas através da exploração da capacidade do corpo. Ao final da apresentação o público será convidado a experimentar movimentos de dança na cadeira de rodas.
Os filmes
Os 38 filmes de 20 países participantes do Assim Vivemos podem ser vistos pelo público em até cinco sessões diárias até o dia 4 de novembro. Um dos destaques desta quarta-feira, dia 30, é o longa A Ponte entre nós, dos diretores Ray Jacobs e Jonathan Tritton, exibido às 15h30m. A história traz um grupo de pessoas com e sem deficiência que dividem um palco em coreografias da Contact Dance Company. Já às 17h30m, o curta-metragem americano Vidas Inteligentes, de Dan Habib, revela o histórico de testes de inteligência norte-americano e mostrará como três jovens desafiaram as percepções de cognição ao passarem do ensino médio para o superior e encararem o mercado de trabalho. O documentário, narrado por Chris Cooper, também trará um relato pessoal do ator já premiado com o Oscar.
Na quinta-feira (31), às 10h, a produção brasileira Posso, de Adama Ouedraogo, conta a história de Waldenildo Alves, um deficiente auditivo que provou que é possível superar o preconceito e os obstáculos para realizar seu sonho de cantar e tocar violão. Às 17h30m, o filme canadense Além do Espectro: Um ano de uma família confrontando o autismo, de Steven Suderman, narra os esforços de uma família para encontrar terapias que ajudem o pequeno Oskar, de dois anos, a desenvolver melhor o seu quadro de autismo e conciliar a educação de seus outros filhos. O longa irá nortear o debate ‘Autismo’ que acontece às 19h, com a psicóloga Fernanda Travassos, trazendo não só a perspectiva profissional como também seu olhar de mãe.
Na sexta-feira, 1, às 17h30m, o filme russo Casa da Liberdade, de Maxim Yakubson, traz a rotina de uma jovem que deixa o hospital psiquiátrico e vai morar em uma residência coletiva junto com outras pessoas. Logo após a exibição, haverá o debate ‘Moradia Assistida’, às 19h, com a arquiteta Flávia Poppe e o ex-subsecretário da Secretaria de Pessoa com Deficiência, Geraldo Nogueira.
O Assim Vivemos acontece a cada dois anos e nessa edição apresenta 38 filmes de países que serão julgados por um júri também formados com a presença de pessoas com algum tipo de deficiência, artistas e profissionais ligados ao tema e, em cada edição, o júri cria novas categorias de prêmios, a fim de destacar as qualidades específicas dos filmes premiados. O troféu foi criado pela artista cega Virginia Vendramini. Toda a programação do festival é gratuita e acessível a pessoas com deficiência auditiva (através de interpretes de LIBRAS e catálogos em Braille) e visual (através da audiodescrição).
Para mais informações acesse o site oficial.
Serviço
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro
Assim Vivemos – Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência
23/10 a 4/11 de 2019
Horário: Quarta-feira a segunda-feira, 9h às 21h