Com seis indicações ao Oscar (Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Montagem e melhor Direção), Anora é quase um filme inesperado entre os indicados. Com aquela cara de filme independente (especialmente em fotografia, roteiro e figurino), mas com Mikey Madison, atriz que surgiu na grande produção para a TV A Dama do Lago (minissérie do Prime Video com Natalie Portman) e um elenco recheado de atrizes e atores com cara de leste europeu. Mas se tem surpresa, o grande mérito talvez seja do diretor Sean Baker, que também assina o roteiro do filme.
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Anora (Madison) prefere ser chamado de Ani pelos clientes da boate que trabalha como stripper e pelo mundo inteiro. Sua vida se resume a trabalhar de noite vendendo sedução para clientes e voltar para o quarto que aluga. Sem muitas posses além de seu orgulho e confiança, ela percebe uma chance real de viver todos os seus sonhos quando conhece o jovem herdeiro russo Ivan (Mark Eidelshtein) e se transformar de sua cliente para sua esposa. Mas o que a família do marido acha e tudo isso?

Sob muitos aspectos, Anora parece uma mistura de filme oitentista para adolescentes como The Goonies, mas com cores dos anos 90 e repleto de drogas, prostituição e mais desilusão do que esperança. Ani é uma personagem cheia de camadas, mas transparece um brilho que pode ser confundido com alguém inocente, mas a personagem tem mais a gana de risco da juventude. Mikey tem muito a mostrar no cinema e o filme passa esse recado. Se Mark Eidelshtein (Vanya) e os demais do elenco fazem um bom trabalho, mas talvez o grande parceiro em cena seja Yura Borisov como o ambíguo e paradoxal Igor. O personagem parece um Sloth mais bonito e educado, cheio de atitudes que ajudam a surpreender o espectador. Ele foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
Baker se sai bem demais no que parece ser seu grande filme, especialmente nos aspectos de roteiro. Se de concreto apenas o sonho, Anora podia ser uma comédia romântica, mas é algo mais. Podia ser um filme dramático, mas é algo mais. Podia ser hilário ou trágico, mas… Justamente entre os clichês de gênero e esse algo mais, mergulha a maior beleza do filme de permitir o espectador sentir seu sabor agridoce na telona. Palmas de pé.
Nota: 10
Confira o trailer legendado de Anora: