Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? foi o livro que escolhi ler porque estava no clima de uma história que se passe num mundo pós-apocalíptico. Ah, ele também foi a inspiração para o clássico do cinema Blade Runner.
SPOILER FREE
Apesar de no filme isso não estar claro, a história original do escritor Philip K. Dick se passa num mundo pós guerra nuclear, quando uma poeira tóxica cobriu a terra e forçou a maior parte dos sobreviventes a imigrar para outros planetas (notadamente Marte). E para estimular as pessoas a irem para um planeta desértico foram criados os robôs que simulam escravos humanos.
Também diferentemente do filme, toda a questão com o caçador de androides Rick Deckard não é apenas pegar os novos modelos que fugiram de Marte (essa parte o filme cobre bem), mas toda a nova forma que a sociedade tomou entre aqueles que ficaram na Terra. Em especial, tem a questão do que diferencia os seres humanos dos androides, o questionamento se androides são ou não seres tão vivos quanto os seus criadores humanos, e também a questão do que fazer com aquelas pessoas tão afetadas pela poeira tóxica que se tornaram párias da sociedade.
Em outras palavras, mais do que uma história de ação, Androides sonham com ovelhas elétricas? é um livro de filosofia. Mais um exemplo de o livro é melhor do que o filme. O livro é mais tudo, mais interessante, mais complexo, mais rico… e você ainda pode continuar imaginando os atores do filme original se quiser. E finalmente a maldita cena do filme com a coruja-robô faz sentido!
É um clássico, e por isso o livro merece ser lido. Porém, na minha humilde opinião ele ficou um pouco datado. Primeiro porque a história se passa em torno de 2015, o que é engraçado hoje em dia. Segundo porque, por se passar numa época tão próxima da gente, algumas projeções tecnológicas são muito estranhas. Por exemplo, o telefone possui telas, até aí ok, mas ele não é móvel, nada de celular, só telefone fixo, no máximo embutido em carros (que voam). Para se fazer ligações entre cidades é necessário chamar um operador! As pessoas consultam listas telefônicas em forma de livro! Eu não vejo uma dessas há tantos anos que acho que nem existem mais, e operadores telefônicos não é mais uma profissão. É engraçado demais imaginar um mundo com robôs tão bons que se passam por humanos, mas que não tem celular.
E, por fim, tem a questão do estilo de escrita. Datado também. O livro tem cara de anos 60/70 em todas as letras, com um ritmo bem lento para os padrões atuais. Não é exatamente o meu estilo favorito.
O livro é bom, veja bem, mas essas questões foram me cansando ao longo da leitura, de forma que no último terço do livro eu queria que ele acabasse logo.
Por conta disso: Nota 8.