Alan Parker e a política no presente

No último dia 31 de julho faleceu o cineasta Alan Parker. O filme mais famoso do diretor britânico possivelmente foi Mississipi em chamas (1987), que tem a Ku Klux Klan como pano de fundo. Sua carreira ainda inclui outros filmes de sucesso, como O Expresso da Meia-Noite (1978) e Evita (1996). Contudo, para mim, a maior lembrança do diretor está em outros dois outros filmes.

Um deles, Coração satânico (1988), apesar de ter a participação de Robert De Niro, não se tonou tão conhecido. O filme, baseado no romance de William Hjortsberg, mostra a investigação feita por Harry Angel, um detetive particular contratado pelo misterioso Louis Cyphre, para encontrar um cantor desaparecido. Contudo, as pessoas com quem se relaciona ou que investiga acabam morrendo. O filme tem um roteiro consistente e uma direção precisa, mostrando problemas sociais relacionados às populações negras dos Estados Unidos, além de ter um final impactante e com grandes surpresas.

O outro filme de Alan Parker mais marcante para mim com certeza é The Wall (1982). O filme mostra a visão cinematográfica de Alan Parker sobre o famoso disco do Pink Floyd lançado em 1979. No filme desfilam temas atualmente tão relevantes, como a postura demagógica de políticos ou a denúncia de ações autoritárias ou mesmo fascistas. Além disso, o filme nos remete a refletir sobre o que significou os fascismos em sua época e como políticos, década após décadas, flertam com esse tipo de ideologia.

Falar do cinema de Alan Parker é falar de política, ou, mais precisamente, da crítica à ordem instituída. Não é à toa que uma das sequências mais famosas presentes no filme é aquela que se tornou o clip da música “Another brinck in the wall”, do Pink Floyd. Em tempos no qual vivemos a tentativa de cercear o debate nas escolas e de padronizar a educação, criando jovens que se limitem a obedecer a ordens e a reproduzir comportamentos, é fundamental lembrar do conjunto da crítica social de Alan Parker

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