Quando peguei esse livro da autora americana Holly Black eu só estava procurando por um bom livro de vampiros, mas logo percebi que ele seria perfeito para o Desafio Literário Popoca de agosto, com o tema pandemias e doenças. Hein? Vampiros para o tema pandemia e doenças?
SPOILER FREE
Se você já viu o filme Army of the dead (disponível no Netflix, é divertido, recomendo pela Tig Notaro que está impagável), você vai entender. A receita é: pegue um ser sobrenatural, nesse caso vampiros, não os zumbis do filme, considere que a transformação de uma pessoa normal nesse ser é na verdade uma doença sem cura, o que leva as autoridades a criarem zonas de quarentena nas cidades mais atingidas pela pandemia, as tais Coldtowns do livro, e você tem o pano de fundo de A menina mais fria de Coldtown, no título traduzido no Brasil pela editora Novo Conceito. Mas essa é só a ambientação, Holly Black traz a história de Tana, uma jovem que já viu de perto os horrores de pessoas contaminadas pelo Cold (não sei como ficou em português) que é a doença que leva alguém a se tornar um vampiro, e que por conta disso não entende a fascinação de muita gente pelos seres da noite. Entretanto, logo no primeiro capítulo, ela acorda numa festa que deu muito errado, e no meio de todo o horror causado pelos vampiros ela se vê numa jornada justamente para uma Coldtown, na presença de um ex-namorado, dois jovens aspirantes a vampiros e um vampiro em carne e osso.
Fazia muito tempo que eu não lia algo tão bom de vampiros, não só porque a autora faz referências maravilhosas aos grandes autores do gênero (Anne Rice deve ter ficado orgulhosa), mas porque ela consegue trazer uma história nova, bastante atual, mas sem abandonar o que é um vampiro clássico. Os vampiros de Holly Black são assustadores, violentos e charmosos, a combinação perfeita do gênero, e que é muito difícil de fazer de forma crível. E ela consegue isso na história de Tana, que é uma personagem muito interessante e complexa.
A autora conseguiu criar um enredo não só instigante e cheio de adrenalina, mas onde nenhum dos personagens é simples, ninguém é totalmente bom ou mau, estão todos numa escala de cinza. Fiquei impressionada, não esperava isso num livro young adult. Aliás, o nível de violência também não é muito comum, mas considerando que se trata de vampiros, é inevitável.
Acredito que o final não seja do agrado de todos, mas, pessoalmente, eu gostei. E fiquei tão impressionada com a autora, que já comecei a catar outros livros dela, não é a toa que ela anda fazendo sucesso. Virei fã também.
Nota 9,5.
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