Nos últimos dias, chegaram ao streaming do Brasil duas séries que trazem infidelidade e crime como elementos centrais de suas narrativas. O tema da infidelidade sempre mobilizou escritores e produtores, colocando em destaque algumas personagens clássicas como Emma Bovary, Anna Karenina e Connie Chatterley. Nesta nova leva de produções, algo que aparecia em algumas situações de forma secundária ganha centralidade em duas produções recentes.
No HBO Max, está disponível a série Amor e morte, protagonizada por Elizabeth Olsen, interpretando Candy Montgomery. Baseado em uma história real, mostra o caso extraconjugal entre Candy e Allan, um colega que frequentava a mesma Igreja Metodista. O caso, iniciado em 1978, levou a um crime, ocorrido dois anos depois, e que levou à absolvição de Candy em 1989.
Candy já teve sua história contada em um filme de 1990 e uma série em 2022, na qual a protagonista foi vivida por Jessica Biel. Nessa série chama a atenção a interpretação de Olsen, voltando a fazer um papel de destaque depois de anos dando vida à Feiticeira Escarlate, em Vingadores. Outro destaque do elenco é Krysten Ritter, que viveu Jessica Jones na elogiadíssima série da Marvel.
O tema da infidelidade também ganhou as telas do streaming da Paramount, com a série Atração Fatal. Trata-se da refilmagem do filme de 1987, protagonizado por Michael Douglas e Glenn Close. Dan Gallagher, o protagonista, tem um momento de infidelidade com uma mulher que conhece no trabalho, Alex Forrest. Na série recente, os protagonistas são vividos por Joshua Jackson e pela excelente Lizzy Caplan.
Na história apresentada na série, o protagonista consegue liberdade condicional depois de 15 anos preso, sob acusação de assassinato. A série intercala o tempo atual com flashbacks da época do assassinato. No tempo atual, o protagonista procura a filha e de imediato declara que, na realidade, não cometeu o crime do qual é acusado. Desdobra-se a narrativa a partir disso.
Na séries, especialmente em comparação ao filme original, parece que se procura tirar o apelo do “erótico light” que marcou muitas produções do final da década de 1980 e início de 1990, como é o caso, entre outros, de Instinto selvagem. No geral, ainda que haja algumas exceções, nos últimos anos observa-se o cuidado de muitos produtores no sentido de expor de forma desnecessária nudez e conteúdo sexual.
No caso de Candy, a nova adaptação de sua história parece estar conectada à onda de true crime que se observa tanto na televisão como no mercado editorial nos últimos anos.
O conjunto de episódios ainda não foi totalmente divulgado, criando um suspense ainda maior, não permitindo uma análise mais detida da narrativa. Contudo, em suas primeiras exposições, ambas as narrativas se mostram com um importante potencial e podem ser importantes obras de suspense.