1917 nos traz o cenário da Primeira Guerra Mundial, marco por unir a tecnologia da pólvora e revolução industrial com estratégias quase napoleônicas de batalha. Era um momento em que homens e seus espíritos poderiam ser a diferença entre vencer uma guerra ou não. Nesse cenário, temos dois cabos que servem como mensageiros. Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) são incubidos de uma missão aparentemente impossível: atravessar território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar mais de 1300 colegas de batalhão.
Por que aceitam? Porque o irmão de Blake está entre os soldados do batalhão destinado a cair em uma armadilha das forças inimigas. E assim começa o drama da produção, indicada ao Oscar.
As participações marcantes de Richard Madden (Game of Thrones), Andrew Scott (Black Mirror), Benedict Cumberbatch (Sherlock Holmes) e Mark Strong (Shazam) criam marcos dentro de um filme de altíssima densidade dramática. Mas é o relacionamento entre Blake e Schofield que dá a tônica de uma história desesperadora.
O olhar de Sam Mendes é o que torna 1917 mais claustrofóbico do que distópico. A ilusão do seu plano-sequência em quase duas horas de produção é o que nos dá o tom exaustivo da jornada heróica de seus personagens. Afinal de contas, esta é uma guerra em que espíritos inquebráveis podem salvar vidas ou vencê-la. Será que basta?
Com um quê de Call of Duty ou qualquer game que envolva guerra, a produção acerta em nos trazer para dentro do corpo do cabo que atravessa situações sujas dentro e fora de uma trincheira. É na sala de cinema em que somos todos o cabo Schofield percorrendo um enorme campo de batalha numa busca desesperadora por entregar alguma mensagem que dê propósito à nossa luta.
Talvez o único objetivo seja descansar e voltar para casa. Se for assim, respire fundo e descanse, soldado. Quando as luzes do cinema se acenderem, você saberá que viu um grande filme e pode voltar para a casa. Com a sensação de dever cumprido.
Nota: 10