O Parasita

Filme ‘Parasita’ é uma aula de cinema

Parasita pode ser encaixado em qual gênero? Terror? Comédia? Drama? Talvez uma comédia dramática… Há tantos possíveis de encaixar o filme de Bong Joon-ho. Talvez o filme-sensação deste início de ano (na verdade, lançado no fim de 2019 na maior parte do mundo) e… Já  entre os memoráveis da década que se inicia.

++ Entendendo o final de Parasita

Parasita conta a história da família do jovem Ki-taek, em que todos estão desempregados e vivendo em um porão sujo e apertado. Por uma obra do acaso, ele começa a dar aulas de inglês a uma garota de família rica. Fascinados com a vida luxuosa todos bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social podem custar caro a todos eles.

Exagero? Nem um pouco. A história do diretor sul-coreano foca nas tensões sociais do país. Poderia ser um país sul-americano como o Brasil ou qualquer outra nação onde a desigualdade impera. Choi Woo Shik (Kim Ki-woo) e toda sua família estão desempregados, pobres e vivendo de bicos em um porão sujo e apertado enquanto esperam que as coisas melhorem. Por uma obra do acaso ele comeca a dar aulas de inglês a uma garota de família rica e começa a colocar toda família como empregados, sem que saibam da ligação entre si. Os segredos e mentiras necessários à ascensão social podem custar caro a todos. E o quanto será que cada membro desta família estará disposto a pagar para não perder os privilégios que conseguem conquistar. E quais as consequências disto para sua própria união e relacionamento? Como podem terminar? E será que há um fim possível em que todos terminem em paz e de bem uns com os outros? É neste conflito que Parasita nasce e morre como história para ressuscitar como o que chamamos de “filmaço”.

Em sua primeira parte, se oferece ao espectador como uma comédia no sentido clássico de nos trazer personagens piores do que nós. Mas na sua segunda fração, dividida por um raio de trovão, se torna um drama pesado. Em que ninguém é melhor do que quem assiste, mas talvez igual. Afinal, estamos todos de algum lado da desigualdade que aumenta. Sistema econômico, governo, pessoas… No fim, terminamos todos sofrendo ou nos beneficiando de alguma forma enquanto outra pessoa vive o oposto.

Será justo?

Não importa. Todos sofreremos. E o filme deixa claro que isso será tanto dos que vêm de baixo, metaforicamente ou não, quanto os que estão em cima.

O roteiro assinado pelo diretor e por Jin Won Han (Okja) não dá muito esperanças para finais felizes, ainda que seu encerramento possa ser aberto a interpretações mais otimistas. Aí talvez esteja o engano. Não há felicidade sem diálogo. E não há conversa cercados ou soterrados por mentiras. Parasita é só o primeiro berro.

Nota: 10

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