O primeiro livro escolhido para o Desafio Literário Popoca deste mês foi um clássico do horror: o romance Carrie. O livro, que em abril deste ano completa quarenta e cinco anos de publicação, foi um dos primeiros sucessos do “mestre do terror” Stephen King. Obtendo sucesso imediato, em pouco tempo foi adaptado ao cinema pelo diretor Brian De Palma e, posteriormente, ganhou novas adaptações.

O Desafio Literário previa a leitura de uma obra que tivesse uma festa como um momento marcante na narrativa. Carrie conta uma história bastante simples, centrada em uma garota tímida, marginalizada e constantemente humilhada por colegas da escola. O ponto alto do romance é justamente uma festa promovida pela escola, em que um grupo de colegas de Carrie prepara uma armadilha para a pobre garota. O problema é que a jovem vinha descobrindo que possuía poderes paranormais e, com uma raiva fora de controle provocada pela humilhação, promove um sangrento massacre.

O pano de fundo disso tudo é a criação religiosa extremamente conservadora imposta a Carrie, o que a faz ficar presa ao lar e às regras estabelecidas pela mãe, acreditando que seus poderes são coisa do diabo. Se de um lado os colegas de colégio agem de forma cruel contra a jovem tímida, ela também não tem muitas referências para lidar com o mundo externo, sendo sua explosão da raiva a única reação que consegue encontrar.

Anos depois da primeira edição da obra, King viria a esclarecer que tomou como referência para criar sua personagem duas jovens que conheceu em sua cidade natal, uma que sofria humilhações cotidianas na escola e outra que estava trancafiada no extremismo religioso de sua família. Segundo King, essas duas garotas cometeram suicídio antes de completar trinta anos de idade, diante das pressões que sofriam da sociedade.

O romance tem uma narrativa ágil, ainda sem certos exageros descritivos que viriam a ser marca de alguns livros posteriores de King, mas também ainda pouco homogênea. Ainda que tenha seus limites, esse romance de estreia de King, disponível em numerosas edições no Brasil, certamente é um importante marco na literatura de horror moderna.

Nota: 7

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