Assistimos: Batman, o Cavaleiro das Trevas

 É bem difícil avaliar o que significa Batman, o Cavaleiro das Trevas. Talvez demore um bom tempo para darem o devido valor e relevância para a produção dirigida pelo brilhante Christopher Nolan. Por hora, talvez baste dizer que o diretor conseguiu fazer um filme muito melhor do que o primeiro.

O Cavaleiro das Trevas não é simplesmente uma adaptação de Histórias em Quadrinhos. Ótimos e péssimos filmes estão dentro dessa qualificação assim como no gênero filme-pipoca. Mas Nolan trouxe o homem-morcego para outro patamar. Seu filme é uma produção fidedigna a um ícone dos quadrinhos e o grande filme autoral de Hollywood nesse ano até aqui.

Anos e anos a fio, amantes de quadrinhos pediam adaptações. Isso veio. Então se exigiu filmes fiéis. Isso veio, apesar dos pesares. Agora, temos um mundo em que a arte chamada quadrinhos recebe um tratamento digno. Digno de uma arte ignorada por puristas caricatos.

A produção conduz com maestria uma história sobre ícones. Batman (Christian Bale) contesta o que representa para Gotham City e se isso basta. Enquanto isso, o jovem Harvey Dent (Aaron Eckhart) move uma campanha contra a máfia local e passa a ser perseguido pelo Coringa (Heath Ledger). Isso põe em perigo Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal), amiga de infância, paixão de Wayne e namorada de Dent.

Cavaleiro das Trevas se trata de um filme realista. Por isso, mesmo personagens mitológicos como Coringa e Batman são retratados da forma mais real possível.

Esse conceito fica claro na estética do filme em cenas de ação. Nolan não banaliza o uso de câmera na mão mas usa e abusa de uma edição rápida que deixa as lutas “sujas”. A maioria detestou isso no primeiro filme porque as cenas de arame fu já viraram uma tendência. Mas realismo é a palavra-chave do Batman que Nolan quisfazer.

Tensão

O principal conflito é entre Dent, que representa a ordem e o sistema, e o Coringa, anárquico e imprevisível. No meio desse conflito estão o comissário Gordon (Gary Oldman, ainda melhor no papel) e o Batman.

A tragédia está na fidelidade de cada personagem a si mesmo. Se o Coringa obedecesse um pouco de lógica, o filme seria outro assim como se Dent fosse mais flexível. O tempo todos nenhum dos personagens confia plenamente no outro o que é fundamental para que todos sofram e tenham respectivas catarses. O único que não passa por isso é o Coringa que já conhece esse mundo e se recusa a fazer parte dele.

O roteiro é, inegavelmente, uma obra-prima e será uma imensa injustiça se não receber uma indicação. Todos os personagens são emblemáticos e absolutamente verossímeis. O elenco é maravilhoso, mas com uma direção fantástica e um texto tão cinematográfico seria difícil não termos um trabalho, no mínimo, brilhante.

Atuações

Todos os atores estão ótimos e é impressionante como Nolan conduz tantas estrelas sem deixar ninguém apagado ou excessivamente exposto. Eckhart tem uma ótima performance. É difícil compreender o que move o Duas Caras, como seu caráter é moldado e muito disso passa pela sua atuação.

Bale definitivamente é o Batman. Há tempos, já faz por merecer mais atenção da academia e é impressionante como torna crível seus dois personagens. Maggye faz a gente finalmente esquecer a sra. Cruise, o que não é fácil depois do primeiro filme. Talvez seja o elo mais fraco da corrente, mas jamais compromete. Morgan Freeman, Oldman e Michael Caine têm participações extremamente marcantes.

E chegamos a Heath Ledger

Quero fazer um post só para Ledger. É importante dizer que a morte do ator trouxe os holofotes para a sua atuação e tenho medo que isso tire o brilho de todos os outros elementos do filme. Ninguém pode falar que o Coringa deixa o Batman apagado como ocorreu no filme de Tim Burton.

Mas ninguém mais pode dizer que Jack Nicholson é o Coringa.

Ledger enfrentou a desconfiança de muita gente. Inclusive a minha. Furou todos os sisudos rostos dos críticos com um sorriso insano e disse que era a escolha perfeita. O Coringa não é o melhor de um filme brilhante, mas é uma engrenagem importanteque faz de Cavaleiro das Trevas o que todo esse texto tenta deixar óbvio: um filme fenomenal.

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