A Tormenta de Espadas – George R. R. Martin

Livro imperdível para os fãs da saga Game of Thrones

George R. R. Martin havia planejado As Crônicas de Gelo e Fogo para ser uma trilogia de fantasia medieval. Mas as coisas foram ficando maiores, maiores, mais elaboradas, e os três livros planejados viraram sete, dos quais só foram publicados cinco: A Guerra dos Tronos, A Fúria dos Reis, A Tormenta de Espadas, O Festim dos Corvos e A Dança dos Dragões. Há a promessa de um sexto livro (Os Ventos de Inverno) e o sétimo e último (Um sonho de Primavera).

Informação que eu tô trazendo aqui

Esta resenha faz parte do Desafio Literário de março de 2024 e também parte do #DesafioPopoca, no mês das noivas em 19 traz como tema livros que tenham um casamento no enredo, eu estou relendo pela terceira vez o livro 3. A Tormenta de Espadas é, de longe, meu livro favorito da série que é um dos meus trabalhos de ficção mais queridos. É o mais longo até agora, e foi lançado em 2000 e indicado para o Hugo Award, que perdeu para Harry Potter e o cálice de Fogo (!!!!).

A Tormenta de EspadasO livro desenvolve vários enredos de vários núcleos, e usa a estrutura de Pontos de Vista para que possamos ver o que acontece através de personagens. E assim viajamos pelo mundo onde Westeros e Essos enfrentam estações que duram anos.

(A partir daqui começam os spoilers, dos livros e da série).

Quando o livro começa, a irmandade da Patrulha da Noite enfrenta no Punho dos Primeiros Homens um ataque dos Outros (na série são chamados de “caminhantes” para não confundir com o grupo de mesmo nome do seriado Lost), criaturas do frio e que causam um pavor sobrenatural, não pertencendo ao reino dos vivos.

Jon Snow começa o livro como um espião infiltrado entre os selvagens, e na convivência descobre que o inimigo às vezes não é tão inferior ou diferente de nós. E acompanhando o monólogo interno de Jon, vemos o jovem idealista e mimado dos livros anteriores questionar muitas de suas certezas – e experimentar o amor e o desejo por uma mulher selvagem, Igritte, ruiva “beijada pelo fogo”. Jon foge de seus captores selvagens – e de Igritte – e retorna a Castelo Negro para liderar os poucos irmãos negros sobreviventes na guerra contra Mance Rayder e seu exército. A vitória só vem após a chegada de Stannis – o único dos “cinco reis” da Guerra narrada no livro anterior que respondeu ao pedido de ajuda e foi até a Muralha. Jon termina o livro sendo eleitor Senhor Comandante da Patrulha da Noite, com imenso pesar e muito mais responsável e maduro.

Hodor e mais quatro

Enquanto Jon volta de além da muralha para o Norte, seu meio-irmão caçula paralítico Bran avança lentamente em terreno inóspito em sentido contrário: na companhia de Jojen e Meera Reed, do grandalhão Hodor e do lobo Verão, o menino entra em contato com formas de magia e clarividência que parecem ser seu destino. Um dos capítulos mais bonitos (e mais importantes para a gente que curte fazer as teorias sobre a narrativa) é o capítulo 24, quando Meera conta para Bran a história do Cavaleiro da Árvore que Ri.

Enquanto isso, em Porto Real, Tyrion e Sansa nos narram as consequências da Batalha da Água Negra: Tywin Lannister retornou ao seu posto de Mão do Rei Joffrey Baratheon (Lannister!), e MINHA NOSSA QUE PERSONAGEM MARAVILHOSO. É detestável, é inteligente, é frio, é pragmático, o leitor detesta reconhecer que de fato, ele tem razão e sabe o que faz. Tywin Lannister é um personagem shakespeariano no universo do Martin.

Tyrion e Cersei padecem sob o jugo do pai, o Grande Leão do Rochedo. Os capítulos de Tyrion são maravilhosos nesse livro, em grande parte porque é neles que vemos as falas de Tywin, e também é neles que conhecemos Oberyn Martell, bissexual, promíscuo, belicoso, ferino, vingativo, culto, grande lutador, grande envenenador, grande estudioso, OBERYN NUNCA TE ESQUECEREI! #FanGirl

ContiGoT

A intriga palaciana em Porto Real é digna de revista de fofoca: quem morreu despedaçado pela multidão faminta, quem transa com quem, quem vai casar com quem. Temos três casamentos em A Tormenta de Espadas, e dois ocorrem em Porto Real: o de Sansa e Tyrion (orquestrado por Tywin e executado com prazer sádico por Cersei), e o de Joffrey e Margaery Tyrell, herdeira de Jardim de Cima e neta da doce velhinha sarcástica Olenna Tyrell. Esse casamento termina épico, com Joffrey morrendo envenenado (para nooooossa alegriiaaaaaa), Sansa fugindo de sua gaiola dourada e Tyrion preso e acusado de matar o sobrinho. É impressionante a derrocada desse personagem que estava tão confortável no livro anterior, cheio de poder. Derrocada, eu disse? Poderia dizer jornada.

Sansa ainda vai nos revelar quem foi responsável pelo assassinato de Jon Arryn, evento que colocou toda a nossa trama em movimento, LÁÁÁÁ no primeiro capítulo de A Guerra dos Tronos. Não vou contar quem foi, pois essa resenha já tá quase maior do que o livro. Mentira, não tá não.

Enquanto tudo isso acontece, a Brienne sai com o Jaime acorrentado pelas Terras Fluviais afora e OH, QUE SURPRESA, NÃO DÁ CERTO! Temos um urso, uma mão a menos e cenas de lutas de espada que são descritas de forma quase erótica. Você começa odiando o Jaime e termina adorando, e o arco de redenção do Regicida é uma das coisas que me deixa mais ansiosa pelo lançamento dos sexto e sétimo livros. #GeorgePlease

Casamento vermelho, arte por FatherStone os capítulos da Arya e da Catelyn nos levam ao momento mais sombrio da saga, um terceiro casamento, entre um Tully e uma mocinha Frey que não parava de chorar durante a cerimônia. Os músicos eram terríveis, mas quando se ouvem os primeiros acordes de As Chuvas de Castamere, nada pode ser mais terrível. A saga do Rei no Norte Robb Stark chega a um fim trágico, e parece que ser traidor compensa em Westeros.

Quando o livro termina, a Irmandade sem Bandeiras estabelece sua nova missão: vingar o casamento vermelho e matar todos os Frey nos quais colocar as mãos. Tal missão é dada pela nova líder dos fora-da-lei, Coração de Pedra, que não deveria pertencer ao reino dos vivos. Eu, que sou fã apaixonada do universo ficcional de Gelo e Fogo, não canso de apreciar a beleza deste momento: graças ao sucesso impressionante da série de TV (ou seria de streaming? Ou seriam filmes para TV e streaming? Ou uma obra multiplataforma que inclui videogame, rpg e série?) meus personagens queridos são o assunto mais quente no mundo todo, vastamente reconhecidos, amplamente adorados. Estão na moda. São o grande evento de entretenimento do ano de 2019 (com Vingadores: Ultimato correndo atrás em segundo lugar).
É o maior desejo de um fã.

George Martin é um construtor de mundos, um criador de personagens profundos e cheios de nuances, um historiador, um pacifista, um gênio. E nós temos a sorte de sermos contemporâneos dele, sabe lá o que é isso? E eu desejo a George Martin uma vida com todo o dinheiro que ele puder gastar, todo o amor que ele puder receber e muita, muita saúde e inspiração pra trazer o final das Crônicas para o plano terreno.

Nota: 10

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